Padre Osvaldo descarta candidatura nessa eleição, mas estuda outras possibilidades

27/04/2012 23:22

 


Apontado com um dos nomes mais fortes para as Eleições 2012, padre Osvaldo de Oliveira Rosa desistiu de disputar qualquer cargo.

A decisão foi comunicada através de uma carta, enviada por meio do Conselho Presbítero.

O documento pontua nove razoes pelas quais o pároco teria desistido de se lançar à disputa eleitoral.

A primeira delas diz que sua não candidatura se dará pelo fato dele ser padre e não ter a intenção de se afastar dessa missão na igreja.

No documento, datado de 12 de abril, padre Osvaldo também declara que nunca teria dito que seria candidato, “apenas permiti que meu nome fosse ‘ventilado’ como uma via possível”.

Além disso, o religioso teria pontuado que não aceitaria projeto político sem autorização da igreja, já que “havia grande possibilidade de ser eleito”.

A carta também revela que o padre tem “no coração projetos que viabilizam uma administração justa”, possibilidade que faria com ele assumisse o risco, se o Conselho Presbítero permitisse a sua candidatura como representante da igreja.

A CARTA

A reportagem falou ontem à tarde, por telefone, com o padre Osvaldo.

Ele se mostrou surpreso ao saber que a carta que declara a sua desistência da candidatura estava exposta no mural da Igreja Matriz de São Domingos.

Segundo ele, a carta foi produzida durante um encontro realizado pelo Conselho Presbítero, para ser divulgada caso algum fiel questionasse a sua candidatura.

DECISÃO SIMPLES

Padre Osvaldo revelou que a desistência da candidatura foi “uma decisão simples”, motivada principalmente pelo fato dele ter que se afastar da sua paróquia durante o período de disputa.

Essa teria sido uma decisão da igreja e por ele acatada.

“A igreja nunca foi contra a minha candidatura, mas acharam melhor que eu exercesse meu ministério em outra paróquia. Esse foi o maior obstáculo”, comentou.

REVERTIDO

Embora tenha declarado que não participará da disputa eleitoral, padre Osvaldo revelou que a decisão do seu afastamento ainda pode ser revista, uma vez que o partido se reunirá novamente para definir essa questão.

É possível que o padre reveja a sua participação religiosa em uma outra paróquia, ou mesmo apoie um outro candidato.

Na entrevista abaixo, o padre fala sobre a sua decisão, que pode ser repensada até o mês de junto, segundo ele.

“Ainda Preciso Conversar Com o Partido”

O Regional: Padre, de quem foi a iniciativa de divulgar a carta com os motivos da sua desistência da candidatura nas Eleições 2012?

Padre Osvaldo: 
Você viu a carta? Vocês vão fazer matéria?

O Regional: Sim, vimos no mural da Igreja Matriz... Vamos fazer matéria para amanhã [hoje]...

Padre Osvaldo:
 Mas o padre leu a carta na missa?

O Regional: Não, a carta está no mural da igreja, padre...

Padre Osvaldo:
 No mural? Nossa, não sabia... (risos).

O Regional: Então, padre, como o senhor tomou essa decisão?

Padre Osvaldo:
 A decisão é simples. Nunca foi surpresa que eu talvez disputasse o Poder Executivo. A igreja também nunca foi contra, mas eles acharam melhor me liberar, mas desde que eu exercesse o ministério fora daqui, em outra cidade. Isso pra mim foi um obstáculo. Aliás, o obstáculo principal. A igreja só aceitaria se eu continuasse exercendo fora. Eu não quero ir contra, porque eu sou igreja. Alguns religiosos aceitam essa proposta para se candidatar, mas pra mim seria difícil.

O Regional: Esse seria o obstáculo principal?

Padre Osvaldo:
 Sim, o principal. Sou de viver o sacerdócio, fica complicado. Diante disso, acatei com grande tranquilidade. Talvez lá na frente seja diferente. Mas não estão descartadas outras alternativas.

O Regional: Quais alternativas?

Padre Osvaldo:
 Queria poder ser um padre que estivesse contribuindo na vida pública e não me fazer um político padre. Queria trabalhar com esse mecanismo, de ser um padre político, e não o contrário.

O Regional: Mesmo que o senhor não se candidate, vai prestar apoio a algum outro nome?

Padre Osvaldo: 
Temos o partido (PSD), estamos refletindo, vendo caminhos. Mesmo que eu estiver fora da disputa, estamos vendo condições de refletir e encaminhar algum tipo de apoio. Estamos conversando.

O Regional: Mas existe a possibilidade da sua decisão de não sair candidato ser repensada?

Padre Osvaldo: 
O partido quer conversar com o bispo e ver se reverte o quadro. Mas acho que não tem mais retorno, não sei se dá tempo, nessa altura do campeonato... (silencia).

O Regional: Mas e carta, porque ela foi divulgada?

Padre Osvaldo: 
Essa carta foi indicada pelo Conselho Presbítero, o bispo é o presidente. Mas eles não me proibiram de sair. Acredito que até junho eu tenha uma posição definitiva.

O Regional: O senhor gostaria que essa situação fosse revertida? Gostaria de ser candidato?

Padre Osvaldo: 
Uma coisa é convicção, outra é o partido. O que é certo é que eu sou de viver o sacerdócio, então farei o que precisar ser feito.

O Regional: O senhor gostaria que acontecesse o que?

Padre Osvaldo: 
Na quarta-feira passada nos reunimos com o partido. Devemos indicar outro nome.

O Regional: O senhor sairia como candidato a prefeito ou a vice?

Padre Osvaldo: 
Temos duas propostas. A mais forte era para que eu saísse como candidato a prefeito e o dr. Sinval Malheiros como vice. A outra proposta era para que eu saísse como vice. Eu tive convite dos três pré-candidatos mais fortes: Beth Sahão, Roberto Cacciari e Geraldo Vinholi.

 

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